domingo, 24 de janeiro de 2010

Partilha de (di)versos.

Não é o álcool que afoga as mágoas. São as palavras que lemos ou escrevemos que se vão sobrepondo àquelas que nos vêm à cabeça, ao recordar. Uma corrente de água-mágoa interrompida pela poesia, pela prosa ou por um simples desabafo de 2 frases. Esta é a teoria que defendo.

Quando nos apetece desistir...o melhor é confessar tudo ao papel e não às paredes. Já tantas foram as pessoas que me disseram: "Escreve! Quando te sentes mal, escreve. Eu sinto-me melhor!" - que monte de tretas. - achava eu. Achava que dali só saiam um monte de baboseiras deprimidas. Mas não. Eu descobri outra pessoa em mim ao escrever e ao enriquecer-me em poesia nacional. (Isto foi demasiado não-margot, eu sei! :P )

Que se lixe o Fernando Pessoa, o Álvaro de Campos, o Ricardo Reis e os outros heterónimos todos. Quero aqui deixar a minha inspiração, o meu preferido: Alexandre O'neill.

Pretextos para fugir ao real

A uma luz perigosa
De sonho e assalto
Subindo ao teu corpo real
Recordo-te
E és a mesma
Ternura quase impossível
De suportar
Por isso fecho os olhos
(O amor faz-me recuperar incessamente o poder da provocação. É assim que te faço arder triunfalmente onde e quando quero. Basta-me fechar os olhos.)
Por isso fecho os olhos
E convido-te a noite para a minha cama
Convido-a a tornar-se tocante
Familiar concreta
Como um corpo decifrado de mulher
E sob a forma desejada
A noite deita-se comigo
E é a tua ausência
Nua nos meus braços

Experimento um grito
Contra o teu silêncio
Experimento um silêncio
Entro e saio
De mãos pálidas nos bolsos.

Alexandre O'neill

Só porque o Salvador também gosta, daqui a uns tempos posto um só para ele.

PS - o Zé foi pai. Vendem-se hamsters jovens - 5€ cada.

MARGOT

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