quinta-feira, 25 de março de 2010

Traços.

Eu gostava de partilhar um texto com vocês. Um texto diferente sobre rãs. Devo?
Okay, mas só quando, num determinado dia, eu acordar e me sentir a mais feliz. Pode ser? Aí tenho desculpa para a parvoíce! :P

Apetece-me escrever. Este lugar é o meu refúgio. É uma gruta daquelas ao pé do mar, que guarda os meus desabafos, o rugir do bater das intempéries que se passam na minha cabeça e onde se sente o cheiro a mar das minhas indecisões.

Por falar em mar, nestas férias quero muito ir à Praia das Maçãs. Saltar até Sintra, quem sabe.
Lembro-me das visitas de estudo que fiz ao Palácio da Pena, na altura da escola primária. Nessa altura todos permaneciam no desconhecido e no ignorado. Dava simplesmente a mão a um coleguinha da escola, ouvia a professora dizer para termos cuidado para não nos perdermos e, no seio da minha infância, ignorava a existência das pessoas marcantes que cheguei a conhecer depois.

Visitei os quartos dos reis e das rainhas que lá passavam férias, subi até a uma varanda grande de onde se via Sintra submersa em nevoeiro. Foi aí que alguém, talvez a professora, disse que a lenda reza que D.Sebastião regressará numa manhã de nevoeiro. E ali fiquei eu, a imaginar um rapaz louro, em trajes antiquados, chegar até nós, ferido no corpo e na alma. Imaginação essa que nunca me iluminou com a chegada de traços de outra história, a minha história.

Enquanto eu visitava o Palácio da Pena ou corria atrás de um amigo pela Praia das Maçãs, onde será que estavam? Onde estavam os traços que me desenharam em quem eu sou agora? Todos os que amei e que amo. Todos os de quem sinto falta. Todos os planos que construímos e sonhámos juntos. Todas as etapas que superei com aquela ajuda.

É na tenra idade de ser criança que desconhecemos tudo isto, tudo o que está para além do bibe que tem de ser pendurado no cabide com o meu nome, para além da data que está escrita no quadro e que eu tenho de copiar, para além do "Até amanhã, meninos" e do beijo que a minha mamã me dá quando me vai buscar. Tudo, tudo são traços.

Mas é quando eu arrumo a bicicleta que me fez sonhar ser uma piloto de motas e depois pego no meu livro de histórias que tudo se conhece. Tento iniciar um diário mas acho demasiado aborrecido. Então escrevo uma história em que eu cresci e o tempo trouxe até mim amigos fantásticos. Lá, sou uma pessoa alegre e crescida, que tem a seu lado as pessoas mais dedicadas e amigas. Por vezes não as vejo mas elas veêm-me a mim. Ajudam-me no que podem e fazem de mim rica. Rica em amor, união e cooperação.
É aí que os traços são mais fundos e que, finalmente, me conheço.

Hoje a Canadiana fez-me pensar nisto. Um obrigada bem "badocha"!


MARGOT

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